Sustentabilidade
Plantar árvores contribui para a sustentabilidade global?
Plantar árvores contribui para a sustentabilidade já que permite:
- A redução da erosão dos solos, pelo efeito combinado das raízes, da camada superficial das folhas em decomposição e da redução da intensidade do vento e da chuva pelas copas;
- A promoção da fertilidade dos solos devido, à reposição de nutrientes ocorrida pela decomposição de folhas, cascas e ramos na superfície do solo;
- A moderação do clima, devido ao efeito da sombra no solo – a qual evita que seja sujeito a grandes amplitudes térmicas – e ao efeito da humidade libertada pelas folhas, da qual resulta a amenização da temperatura e o aumento da humidade relativa. Estes dois efeitos permitem que as grandes florestas produzam o seu próprio regime de chuvas;
- A retenção do dióxido de carbono e libertação de oxigénio, através do processo de fotossíntese;
- O armazenamento de grandes quantidade de energia, pela produção de polímeros de carbono e hidrogénio (a madeira);
- A produção de alimento: os frutos que produzem são a base da alimentação de inúmeras espécies animais;
- O estímulo e a proteção da atividade de micro-organismos e pequenos animais ao nível do solo, os quais têm um valor inestimável na mobilização, arejamento e decomposição de matéria orgânica, tornando todo o ecossistema mais rico em nutrientes;
- O aumento de nutrientes à superfície do solo, uma vez que têm a capacidade de os absorver nas camadas mais profundas do solo (inacessíveis às plantas pequenas) e os depositar na superfície, cada vez que renovam as folhas e/ou a casca;
Para a sustentabilidade global é importante ter presente a importância de preservar as grandes florestas naturais existentes, cuja riqueza, proporcionada ao nível da biodiversidade, abrigo para a vida selvagem, riqueza do solo, amenização do clima e retenção de água potável, dificilmente poderá ser reproduzida.
É importante ter presente que a plantação de árvores e bosques é um complemento fundamental para a preservação das grandes zonas florestais selvagens existentes no nosso planeta.
Implementação
O que são, o porquê e como ter bosques?
O que são?
Os bosques são povoamentos de árvores de várias espécies com diferentes idades!
Chamamos-lhes Bosques para os distinguir das florestas de produção, onde se encontra apenas uma espécie e todas as unidades com a mesma idade.
Nos bosques é normal haver árvores de tipos diferentes. Por exemplo, árvores de folha caduca, de folha persistente e coníferas.
Porquê?
Pela sua beleza, pela sua diversidade, pela sua magia.
Local de predileção para os pássaros, associado à evasão, ao contacto com a natureza e à frescura do ar puro.
A sua utilidade é elevada; pode ter diversas funcionalidades e ser plantado com inúmeros objetivos.
Lazer, abrigo, enquadramento paisagístico ou frutos silvestres são apenas alguns exemplos do que um bosque pode proporcionar.
Como ter ?
Com algumas árvores e um pouco de terra disponível.
Ter um Bosque funcional requer algum espaço e uma escolha acertada das árvores.
Para ter um bom Bosque devem ser respeitadas algumas regras mínimas de convivência entre as árvores, de combinação de espécies e de cuidados de plantação.
Não é necessário plantar todas as árvores num só ano, a plantação pode ser faseada.
Ter um bosque requer alguns cuidados e alguma manutenção.
Que cuidados serão requeridos após a plantação?
Dependendo do objetivo/função pela qual as árvores foram plantadas, os cuidados requeridos na pós plantação podem ser maiores ou menores.
Qualquer intervenção deverá ser sempre efetuada com consciência dos efeitos e respeito pelo ambiente envolvente, com fortes preocupações relacionadas com a sustentabilidade da mesma.
Os cuidados na pós plantação encontram-se relacionados com:
- Podas – as árvores beneficiam de podas regulares, como forma de modelar/orientar o seu crescimento, retirar ramos doentes e garantir um crescimento em segurança;
- Controle de mato e infestantes – sempre que verifique proliferação excessiva de matos ou herbáceas com propensão para se tornarem infestantes, a sua remoção e controle deverá ser equacionada;
- Fertilização e rega – deverá ser considerada no momento da instalação, como forma de garantir o seu sucesso e, numa fase posterior, sempre que se pretenda promover o aceleramento do crescimento;
- Correção de densidades – sempre que se verifique uma excessiva competição pela luz e pelo solo, deve ser considerada uma operação de correção de densidades, da qual resulta a seleção das árvores mais viáveis através do corte e remoção das menos capazes.
- Controle de pragas e doenças – procure informação sobre a praga e/ou doença em causa, o que aplicar e como aplicar. Tenha consciência que alguns tratamentos poderão ter efeitos secundários indesejados, pelo que a sua aplicação deverá ser evitada ou ser efetuada por pessoal especializado.
Quanto mais adaptada estiver uma árvore ou um conjunto de árvores ao local onde será plantada, menor serão as necessidades de cuidados pós-plantação.
Quanto mais “selvagens” forem os objetivos pelos quais uma árvore ou um conjunto de árvores é plantada, menor serão os cuidados pós-plantação.
Podemos plantar qualquer árvore?
Não.
É muito importante selecionar a árvore certa para cada local. Para além dos aspetos relacionados com a função pretendida, é importante ter presente as condições locais e quais as espécies mais bem adaptadas.
Sempre que uma árvore ou conjunto de árvores são plantados fora de suas condições naturais, é muito provável que o plantio esteja fadado ao fracasso, o que significa que existirá um desperdício de tempo, energia e recursos, retardando-se a oportunidade de tirar partido dos benefícios pretendidos.
Na seleção de uma árvore poderão ser tidas em conta as seguintes funções/objetivos:
- Produção de frutos – as possibilidades de escolha são inúmeras entre as diversas árvores de frutos do bosque e do pomar;
- Produção de sombra – privilegiar árvores de médio porte e de copa larga;
- Efeito ornamental – selecionar árvores com características especiais, tais como forma da copa, tipo de floração, cor e forma da folhagem.
- Efeito corta vento – geralmente, devem ser selecionadas árvores resistentes de forma colunar e de folha persistente, de modo a permitirem criar uma barreira de abrigo contra o vento;
- Produção de madeira –selecione árvores com uma forma direita e com hábitos de formação de tronco com copa alta;
- Fomentar a biodiversidade - selecione árvores com copas densas, se o objetivo for fornecer abrigo e / ou árvores que produzem frutos, se o objetivo for proporcionar alimento aos animais selvagens;
- Proteção e retenção do solo – selecionar árvores com sistemas radiculares densos e ramificados.
- …
Na procura das árvores mais bem adaptadas a um dado local deverão ser considerados os seguintes aspetos:
- A amplitude térmica local, temperatura mínima e temperatura máxima registadas;
- O regime de chuvas local, em particular a duração do período estival;
- O tipo de solo;
- A altitude do local;
- A intensidade da luz solar local.
Para que seja possível selecionar a árvore certa dever-se-ão considerar todos estes fatores para garantir o sucesso da iniciativa. A procura de informação e o pedido de aconselhamento técnico especializado será tanto mais importante quanto os recursos (tempo, energia e materiais) que pretenda despender.
Economia
Plantar árvores e bosques pode ter vantagens económicas?
Sim, pode.
Para avaliar essas vantagens, deve ser efetuado um levantamento de todos os custos associados à plantação e à manutenção futura. Em situações normais, os custos devidos à manutenção irão diminuir com o tempo, podendo mesmo passar a ser nulos.
A dificuldade surge na valorização económica das árvores e bosques, pois estes proporcionam vários benefícios aos quais é difícil atribuir valor económico. Alguns exemplos das vantagens que poderão ser consideradas do lado dos ativos económicos proporcionados por árvores e bosques:
- Valor comercial dos frutos que produzem;
- Valor comercial da madeira que proporcionam;
- Valor comercial de subprodutos, tais como cogumelos e pequenos frutos silvestres;
- Valor económico da valorização que proporcionam à propriedade;
- Valor económico das externalidades associadas (tais como bem-estar, promoção da biodiversidade).
No entanto, quando a preocupação for a sustentabilidade, um projeto deverá ser avaliado em três vertentes: económica, ambiental e social. Tal significa que a rentabilização económica do projeto, embora importante, deverá ser sempre complementada com a avaliação dos aspetos ambientais e sociais do mesmo.